No �ltimo m�s de junho, a equipe coordenada por Vanderlei Salvador Bagnato, professor do IFSC-USP (Instituto de F�sica da USP de S�o Carlos), venceu o Pr�mio Mercosul de Ci�ncia e Tecnologia, organizado pelo governo federal, com um projeto que est� usando a terapia fotodin�mica —ou seja, a combina��o de uma fonte de luz e subst�ncias sens�veis � luminosidade— para tratar les�es genitais causadas pelo HPV, v�rus cuja a��o pode produzir tumores. Curar as les�es, portanto, significa prevenir futuros casos de c�ncer.

O trabalho, que j� tem bons resultados preliminares, soma-se a outros �xitos da equipe com a terapia fotodin�mica. Quase mil pacientes com c�ncer de pele j� foram tratados com a mesma abordagem, por exemplo. "A taxa de sucesso est� em torno de 95%", contou Bagnato � Folha.

Resultados promissores tamb�m vieram do tratamento de infec��es de garganta em crian�as –uma �nica sess�o de 20 minutos seria suficiente para evitar o uso de antibi�ticos.

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Outra variante da estrat�gia envolve o uso da curcumina (mol�cula presente no a�afr�o) para matar as larvas do mosquito Aedes aegypti. A subst�ncia � sens�vel � luz e, quando absorvida por larvas expostas � luminosidade, leva-as � morte, porque o corpo delas � transparente (ou seja, a curcumina n�o teria efeitos nocivos sobre outros membros da fauna aqu�tica, como peixes).

O mecanismo que mata os insetos � basicamente o mesmo que destr�i c�lulas cancerosas ou bact�rias que infectam a garganta.

As mol�culas fotossens�veis, quando estimuladas pela luz de determinado comprimento de onda (o que varia de acordo com a subst�ncia), desencadeiam rea��es que produzem os chamados radicais livres, cuja presen�a danifica estruturas essenciais das c�lulas, matando tumores (ou micr�bios, ou larvas).

ELOS COM EMPRESAS

A intera��o intensa com empresas de tecnologia, muitas delas criadas por ex-alunos das universidades da regi�o (que possui ainda outros campi da USP e da Unesp, em cidades como Ribeir�o Preto e Araraquara), � um dos diferenciais do grupo coordenado pelo f�sico. Bagnato calcula que seus trabalhos j� levaram ao licenciamento de mais de uma dezena de patentes.

"Mas isso vale apenas para as ideias que foram totalmente desenvolvidas por n�s antes que houvesse o interesse de uma empresa", diz Bagnato, que tamb�m chefia a Ag�ncia USP de Inova��o.

"Eu sinceramente acho mais interessante quando os projetos s�o uma parceria entre n�s e as empresas desde o come�o, porque fica muito mais f�cil chegar a um produto vi�vel. Transferir tecnologia n�o � simples. A empresa tem de estar junto a cada passo, sen�o a coisa n�o sai", completa o pesquisador.

De cerca de R$ 10 milh�es gastos anualmente para manter os projetos do grupo, cerca de 40% v�m das parcerias com o setor privado.

A equipe tem hoje 17 colabora��es desse tipo, e o trabalho conjunto j� levou tanto � fabrica��o em escala comercial dos aparelhos (laser) que produzem as frequ�ncias luminosas usadas nos tratamentos quanto � das mol�culas fotossens�veis, entre outros produtos.

DIABETES

Al�m das abordagens terap�uticas, Bagnato e seus colegas tamb�m t�m investigado novas ferramentas de diagn�stico.

"Estamos fazendo um novo aparelhinho que vai permitir saber se o cara � diab�tico com um toque na pele, sem precisar tirar sangue", conta. A ideia � vi�vel porque as pessoas com diabetes possuem altera��es no col�geno da pele desencadeadas pela presen�a aumentada de glicose no sangue, o que, por sua vez, altera a refletividade da pele.

Os trabalhos t�m apoio da Fapesp, do CNPq, da Finep e do BNDES.