
Jornalista, assina a coluna Bras�lia. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.
Coisa de preto
Istock | ||
![]() |
||
BRAS�LIA - Na segunda-feira, ser� comemorado o Dia da Consci�ncia Negra. A data foi criada para lembrar a luta contra a escravid�o e a desigualdade que ainda separa brancos e negros no Brasil. Quem pensa que este debate � desnecess�rio deveria dedicar alguns minutos do feriado � Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios, realizada pelo IBGE.
A nova vers�o do levantamento informa que pretos e pardos somam 63,7% dos desempregados. Isso equivale a um ex�rcito de 8,3 milh�es entre os 13 milh�es de brasileiros que procuram trabalho. Apesar da leve melhora da economia, a taxa de desemprego de pretos e pardos ainda alcan�a 14,6%. � um �ndice muito superior ao registrado entre trabalhadores brancos: 9,9%. A m�dia nacional est� em 12,4%.
As diferen�as tamb�m persistem entre a popula��o ocupada. De acordo com os n�meros da PNAD Cont�nua, pretos e pardos ganham menos, ocupam vagas piores e t�m menos estabilidade no emprego.
O rendimento m�dio desses brasileiros � de R$ 1.531, enquanto o dos brancos chega a R$ 2.757. Pretos e pardos somam 66% dos trabalhadores dom�sticos e 66,7% dos vendedores ambulantes, mas representam apenas 33% dos empregadores.
Em setembro, a Oxfam Brasil informou que o pa�s ainda levaria sete d�cadas para equiparar o rendimento dos negros ao dos brancos. Segundo o estudo, os dois grupos s� devem se igualar em 2089 -mais de dois s�culos depois da Lei �urea. Agora a proje��o parece ter sido muito otimista. De acordo com a PNAD, a desigualdade voltou a crescer nos �ltimos 12 meses.
Na semana passada, o Brasil debateu o caso do apresentador de TV que foi afastado ap�s se referir a um buzina�o como "coisa de preto". O epis�dio mostrou que discutir o racismo ainda � importante e necess�rio. A pesquisa do IBGE nos lembra que tamb�m precisamos cobrar pol�ticas p�blicas para combater a discrimina��o e tornar o pa�s menos desigual.
Livraria da Folha
- Cole��o "Cinema Policial" re�ne quatro filmes de grandes diretores
- Soci�logo discute transforma��es do s�culo 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
Coment�rios
Ver todos os coment�rios (19)LUIZ CARRIERI
20/11/2017 15h53 Denunciarneli faria
20/11/2017 10h40 DenunciarTem que continuar com as Cotas por mais uns 10 anos...meu sobrinho neto favorito é filho de preto...
Adonay Evans
19/11/2017 17h48 DenunciarJamais grupo excluído algum chegará a algum lugar, se depender de ação do Estado. O Estado é inepto, torto e amorfo. Somente a organização dos excluídos em associações e cooperativas voltadas à solução da exclusão secular, do ponto de vista social, político e, fundamentalmente econômico, poderão traçar seu futuro. Entre suas ações, claro, a cobrança de medidas públicas, mas sem a ilusão de que apenas a tutela do Estado poderá provocar mudanças significativas.
Em Colunistas
- 1
M�nica Bergamo: Distribuidora manda cinemas deixarem de exibir 'Ainda Estou Aqui' por chegada ao streaming
- 2
M�nica Bergamo: Conselho de direitos humanos diz que h� 'provas robustas' de ass�dio judicial da Universal
- 3
R�mulo Saraiva: INSS pagar� por erro dos anos 2002 a 2009
- 4
Painel S.A.: 'Tubar�o' da Polishop, Jo�o Appolin�rio flerta com a fal�ncia
- 5
M�nica Bergamo: Entidades estudantis pedem para participar de revis�o da Lei da Anistia no STF
O ser humano só vai crescer quando entender que não existe cor, gênero ou raça, mas apenas GENTE. Quanto aos afrodescendentes, se não fossem eles, o Brasil não existiria hoje. Simples assim.