
Especialista em quest�es globais do agroneg�cio. Vive em Cingapura.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Temos de refazer o caminho de Vasco da Gama, mas agora saindo do Brasil
AFP | ||
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Trabalhadores em porto de Lianyungang, China: �sia virou principal destino do agroneg�cio brasileiro |
Numa investida in�dita sobre os grandes mercados de produtos agropecu�rios e alimentos do mundo, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, realiza no momento uma miss�o a oito pa�ses asi�ticos. Acompanhado de cerca de 35 empres�rios de 12 setores do agro, durante quase um m�s a miss�o percorre China, Coreia do Sul, Hong Kong, Tail�ndia, Myanmar, Vietn�, Mal�sia e �ndia.
V�rios fatores comprovam a import�ncia estrat�gica da iniciativa:
- A �sia tornou-se o principal destino do agroneg�cio brasileiro, respondendo por 45% do total exportado. Quase todos os setores a veem como a regi�o mais promissora para com�rcio, integra��o e investimentos.
- A China responde sozinha por um quarto das exporta��es do agro e � o pa�s do mundo com maior interesse em Brasil, em �reas como ind�stria de processamento, tradings, energia, infraestrutura e at� mesmo no investimento em terras agr�colas. Como j� disse em coluna anterior, no momento n�o h� nada mais estrat�gico para o Brasil do que encarar esse complexo jogo de curto e longo prazo com aquele gigante asi�tico, com preparo, bons times e coordena��o p�blico-privada.
- Mas, se a China suga todas as aten��es neste momento, Maggi optou corretamente por um roteiro inovador que cobre quatro pa�ses-chave da Asean (Associa��o de Na��es do Sudeste Asi�tico), hoje o segundo bloco comercial do planeta, com 640 milh�es de habitantes e PIB de US$ 2,6 trilh�es. Os quatro pa�ses visitados somam 250 milh�es de habitantes e, por tamb�m estarem na zona tropical, se parecem demais com o Brasil. O potencial de coopera��o tecnol�gica, comercial e de investimentos � imenso.
- A miss�o se encerrar� na �ndia, pa�s ainda bastante fechado, mas que vive um processo de grandes reformas econ�micas e forte crescimento, que vai lev�-la a rivalizar com a China.
A miss�o mostrou claramente que precisamos estar mais presentes no Oriente. Al�m do melhor conhecimento m�tuo, a miss�o � composta por reuni�es oficiais, semin�rios empresariais em cada pa�s, entrevistas, convite para visitas ao Brasil e assinatura de acordos sanit�rios, de coopera��o t�cnica e de investimentos.
A �sia � uma regi�o em que a confian�a e os neg�cios se desenvolvem com base em relacionamentos fortes e duradouros. O processo decis�rio costuma ser lento, depende de muitas conversas e negocia��es, nas quais nem sempre os resultados s�o entendidos da mesma forma. O "sim" pode, na verdade, significar "talvez". E o "talvez" pode ser s� uma forma educada de dizer "n�o". H� grandes diferen�as culturais, econ�micas, �tnicas e religiosas em rela��o ao Ocidente, entre os pr�prios pa�ses asi�ticos e mesmo dentro de cada pa�s.
A grande quest�o que fica ap�s uma viagem t�o longa e exaustiva � definir que tipo de follow-up precisaria ser dado para n�o deixar o entusiasmo se perder. No meu entendimento, os passos seguintes n�o deveriam ficar apenas a cargo dos diplomatas locais ou esperando uma pr�xima miss�o ministerial.
O setor privado precisa ocupar o seu papel instalando-se e atuando localmente em cada pa�s visitado.
H� 40 anos pequenos agricultores do Sul deixaram a sua terra natal para desbravar regi�es in�spitas do Centro-Oeste com conhecimento e tecnologia modernas. Nesse mesmo per�odo a demanda mundial se deslocou dos pa�ses desenvolvidos para os emergentes da �sia.
A miss�o do ministro da Agricultura mostra que, mais de 500 anos ap�s Vasco da Gama, temos de voltar a percorrer o mesmo caminho, s� que agora saindo do Brasil. Mas n�o vamos mais buscar especiarias no Oriente. Ao contr�rio, precisamos convencer os povos orientais a comprar as nossas especiarias tropicais. Mais do que isso, precisamos integrar as cadeias alimentares dos dois lados do planeta, com efici�ncia, tecnologia, sustentabilidade e ganhos m�tuos. A miss�o foi dada.
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Coment�rios
Ver todos os coment�rios (1)Cloves Oliveira
17/09/2016 15h25 DenunciarLeia Tamb�m
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Antes de pensar em ser um ator no importante mercado do sudoeste asiático, os negociadores brasileiros precisam resolver dois problemas. O primeiro é o idioma. Não dá mais para sentar numa mesa de negociação com tradutores fazendo o meio campo; é preciso que os brasileiros se tornem proficientes em inglês como todo mundo. Em segundo lugar, é preciso diminuir a burocracia. Durante a greve dos bancos tive que fazer uma remessa em dólares para o exterior e o processo é excruciante e demorado.