
Especialista em quest�es globais do agroneg�cio. Vive em Cingapura.
Escreve aos s�bados,
a cada duas semanas.
Para que serve o Brics?
Money Sharma - 16.out.16/AFP Photo | ||
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L�deres dos Brics posam para foto na reuni�o de c�pula em Goa, na �ndia, em 2016 |
O mundo se tornou muito mais globalizado ap�s 1990, quando a revolu��o das tecnologias de informa��o e comunica��o provocou uma dr�stica redu��o da assimetria entre pa�ses desenvolvidos e economias emergentes.
A incr�vel consolida��o das cadeias globais de valor transferiu f�bricas, renda, empregos e conhecimento para as economias emergentes.
O PIB relativo dos pa�ses do G7 (EUA, Alemanha, Jap�o, Fran�a, Reino Unido, Canad� e It�lia) caiu mais de 20 pontos percentuais em apenas duas d�cadas: de 66% para 43% do PIB mundial.
Esse � o indicador que melhor ilustra o sucesso da globaliza��o, ao gerar converg�ncia e maior equidade entre os pa�ses do planeta.
De um lado, nos pa�ses ricos, o padr�o de vida da pr�xima gera��o tende a ser inferior ao da atual, gerando frusta��o e sentimentos antiglobaliza��o.
Do outro, nos pa�ses em desenvolvimento, a pr�xima gera��o vai melhorar de vida. Surge uma nova e pujante "classe m�dia" na China, na �ndia e em algumas economias emergentes da �sia, do Leste Europeu e da Am�rica Latina.
Essa "repagina��o" do mundo est� por tr�s da forma��o de novas coaliz�es de pa�ses que n�o seguem a l�gica econ�mica, cultural e geogr�fica do passado, como aconteceu no G7 e na Uni�o Europeia.
O grupo dos Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul) � um desses casos. Anteriormente chamados de pa�ses-baleia, os Brics det�m 24% da �rea do planeta, 42% da popula��o e 23% do PIB mundial —ante apenas 10% em 1990.
O Brics � hoje um dos maiores engajamentos internacionais do Brasil, com grande atividade pol�tica e diplom�tica: di�logo estrat�gico, seguran�a internacional, coopera��o no G20, o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics e outros.
Todavia, nas �reas que poderiam gerar oportunidades mais concretas de integra��o, como com�rcio e investimentos, o resultado do Brics ainda � irrelevante.
Um �timo exemplo � caso do agroneg�cio. No 7� Encontro dos Ministros da Agricultura do Brics, que ocorreu na semana passada em Nanquim, na China, o ministro Blairo Maggi prop�s a cria��o de um grupo de trabalho para monitorar e apresentar propostas concretas para ampliar os fluxos de com�rcio e investimento do agroneg�cio entre os cinco membros.
O valor bruto da produ��o agropecu�ria dos Brics passou de 24% para 42% do total mundial desde 1960. Boa parte dos 200 milh�es de pessoas que sair�o do status de "inseguran�a alimentar" nos pr�ximos anos reside nos pa�ses do Brics, particularmente na China e na �ndia. Mas a rela��o entre importa��es e consumo de produtos agropecu�rios ainda � muito pequena, da ordem de 10%.
Maggi prop�s ainda a cria��o de um F�rum Empresarial Agr�cola do Brics, com o objetivo de apresentar solu��es de parceria e investimentos cruzados entre as empresas. O ministro deu o seu recado de forma clara e precisa, mas a resist�ncia dos demais membros em avan�ar no agroneg�cio � enorme.
Oito anos ap�s o seu lan�amento, n�o h� benef�cio algum em ser membro do Brics em termos de menores barreiras e facilita��o de com�rcio, neg�cios e investimentos.
No caso do agro, uma maior integra��o dos pa�ses do Brics, mesmo que administrada pelos governos, traria imensos benef�cios para todos em termos de seguran�a alimentar, desenvolvimento sustent�vel e coopera��o tecnol�gica. A complementaridade entre os pa�ses � enorme e poderia ser mais bem explorada.
Na �ltima d�cada, o Brasil apostou boa parte do seu cacife diplom�tico no Brics e, sem d�vida, ganhou maior estatura geopol�tica global, em linha com as mudan�as que est�o ocorrendo no poder econ�mico, pol�tico e cultural do mundo.
Mas isso n�o basta. � preciso buscar um padr�o de com�rcio e investimentos mais justo, aberto e complementar, com resultados que justifiquem as centenas de reuni�es que o Brics j� promoveu.
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Coment�rios
Ver todos os coment�rios (1)Benedicto Ismael Dutra
24/06/2017 07h20 DenunciarEm Colunistas
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Muita teoria enquanto o dinheiro vai numa direção só. Para que haja paz e progresso no mundo tem de haver equilíbrio na balança comercial e nas contas correntes, aspecto descuidado pela maioria dos governantes. O tabelamento de preços é condenado por grande parte dos economistas, mas não se alarmam quando o preço do dólar, mercadoria rara nos países deficitários, fica cotado com preço fixo aumentando os déficits sem que surjam oportunidade de aumentar o PIB e a renda pessoal.